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quarta-feira, 14 de novembro de 2012

O Presidente e o Anticristo (Teste)




          

            A semana passada terminou com uma certa sensação de alívio: Barack Obama venceu a corrida para a Casa Branca contra Mitt Romey. Várias pesquisas na internet onde não americanos podiam voltar apontavam uma preferência esmagadora ao já presidente americano. Isso não porque ele cumpriu sua promessa de fechar Guantánamo ou ganhou o Nobel da Paz sem mecher um dedo, mas sim pelo medo de uma America tomada pelo fanatismo religioso a qual poderia levar ao mundo a sua terceira guerra mundial. O candidado “menos ruim” longe de ser aquele que de uma vez trará conforto econômico aos americanos e quem sabe ao mundo, mas aquele um pouco menos intransigente que não fará a situação ficar ainda pior do que já está.
          Embora Obama já deixou claro que, em caso de ataque a Israel os Estados Unidos não ficariam inertes, sem duvida a situação ficaria ainda pior se este eventual ataque tivesse um ar de cruzadas do mundo contemporâneo. Analisando a estrada percorrida por Mitt Romney nos realmente tinhamos motivos para ficar alarmados: durante a batalha pela Casa Branca se pode claramente ver que ele estava realmente disposto, assim como faz como bispo da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, a cuidar das suas ovelhas, promover-lhes uma vida melhor dentro da economia americana assim como quando tirou a corporação onde trabalhava da crise quando assumiu sua presidência. Claro que, se você não fosse uma dessas ovelhas, brancas de classe media alta e obviamente cristã evengélica, você poderia ir para o inferno.
          A comparação entre os dois candidados americanos nos traz um problema velho e longe de ser revolvido: quanto a religião influência a política. Em teoria se espera que os cristãos apliquem o sentimento de caridade, que sejam compassíveis e inclusivos, pena que a Bíblia pode ser usada e aplicada da maneira que melhor convém. No caso da campanha política de Mitt Romney, somente nos mostrou que aqueles diferentes seriam sacrificados, os credentes mais pobres, escravizados. Resumindo, os Estados Unidos seriam tomados ainda mais pela exclusão e desprezo.
          A reforma do sistema de saúde americano confirma o que foi dito acima. Já na época de Clinton havia da parte dos democratas algumas tentativas de reformar o sistema para que ele pudesse assitir a população mais pobre. O projeto foi por água abaixo visto que ele foi acusado de ser uma tentativa de estatisar o sistema de saúde. As tentativas de Obama até agora não foram bem sucedidas também.  "Affordable Care Act", a lei aprovada por Obama em março 2010 a qual previa a expansão do sistema de saúde a mais de 30 milhões de americanos que hoje se estão sem seguro médico, atualmente se encontra bloqueada pela Suprema Corte pois, segundo a arcaica Constituição americana, não se pode obrigar ninguém a ter um plano de saúde assim como a tal lei requer.
          Porém o maior impedimento que essa lei encontra, não é mesmo a Constituição mas sim pessoas como Romney, o qual afirmam que “há pessoas que se acham vítimas, e que acreditam que o governo tenha a responsabilidade de cuidar deles, que eles tem direitos a seguro saúde, comida, habitação e aquilo que você quiser”. Se o estado não deve ser aquele que providencia seguro saúde não se pode esperar nem mesmo das grandes corporações, como ele também afirmou. Walmart, a maior rede de supermercados do mundo também é conhecida por fazer somente contratos a meio período a seus funcionários para não ter que pagar o seguro saúde a eles.
          Como um bom religioso, ele deve somente estar seguindo seus ensinamentos bíblicos. Em várias passagens do Novo Testamento, Jesus, ao curar milagrosamente os enfermos sempre dizia: “foi a tua fé que te curou irmão”. Parece que se você nao tiver fé você deve mesmo morrer.
          Mas é claro que o problema não se resume somente em providenciar bem estar social ao seu eleitorado. Salvar a vida daqueles que ainda não nasceram tambéé uma questão de honra para os republicanos e os mais religiosos. Da mesma forma que o aborto é considerado um assassinato por eles, a matança de civis deveria também ser entendida pelo mesmos como uma carnificina, mas pelo jeito a vida de uma criança musulmana não tenha tanto valor como aquela de uma vida gerada no ocidente e por essa razão, cristiana.
          Tudo isso só nos mostra que, assim como a fronteira americana, a porta do paraíso tambéé bem estreita. Nela latinos, homossexuais e musulmanos não passam.  Assim como viseira de cavalos, as calças sagradas vestidas pelos mórmons como um sinal de compromisso diante a Deus os impedem de ver o que há e quem está ao seu aredor. Somente se olha para cima e se maquina como chegar lá, mesmo se isso quer dizer sacrificar seu próprio semelhante.
          Ao contrário da cruzada popular a qual era composta de mendigos, velhos, mulheres e crianças pois a única possibilidade de ter uma vida melhor era no pós-morte, a de hoje, pelo menos da parte ocidental do planeta, conta hoje com pessoas que tiveram acesso à educação e a uma vida confortável. São essas pessoas que destroem a tesi segundo a qual o radicalismo religioso será vencido com educação. Talvez o Taleban perderá sua força uma vez que os afgãos mais pobres não terão que vender um dos seus próprios filhos para dar de comer aos outros irmãozinhos, mas focos da ignorância permanecerão para sempre.
E quem pensava que o anticristo teria chifres e um cheiro de enchofre insuportável se enganou. Ele está presente em muitas das tantas ovelhinhas que creem serem guiadas pelo criador, não importa qual religião elas profetizam. Aquelas que fazem o possível para que a profecia bíblica a qual Jesus afirma que não veio para unir, mas sim dividir, colocar irmão contra irmão, torne realidade.
Certo que pensar que as lágrimas dos fracos e oprimidos serão limpadas; e que não haverá mais morte, nem pranto ou dor porque o filho de um musulmano, felizmente laico está no poder também é pura ilusão. A terra do presidente negro ainda continua a ser a mesma daquela de Abraham Lincoln, o qual dizia que todos os homens eram iguais, com a excepção dos nativos, negros e agora também os latinos e homossexuais. O que se espera, pelo menos, é que ele não de tanta força a radicalistas religiosos como o pastor Terry Jones ou Osama bin Laden que, embora de religiões bem diferentes, com suas bocas onde o álcool não entra eles profetizam a mesma coisa: o ódio.
A história já nos mostrou, não há muito tempo atrás, que diante de uma grande depressão econômica, tudo aquilo que o mundo não precisa é de fanáticos que se julgam ser salvadores, mas que não passam de anticristos.  Ainda corremos o risco de ser tomados por eles, mas a possibilidade é ligeiramente menor. 

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